Fiz o curso de Escultura na Escola Ar.Co de Lisboa, onde ensinaram-me a pensar em escultura, mas desde aí a imagem já fazia parte do meu trabalho. Desenhei sobre retratos, fotografei-me com máscaras, criei outdoors, Polaroid, etc. Retratando o corpo como um lugar de emoções. Naquela altura eu dizia que as fotografias eram apenas um complemento das minhas esculturas.
Actualmente elas ganharam mais espaço, tanto que nas minhas mais recentes exposições, como as de Valência e New York, expus apenas fotografias.Costumo dizer que o que faço é prestar atenção a todas as coisas e que tudo o que me rodeia me interessa como objecto fotográfico, por isso tenho sempre uma máquina fotográfica comigo.
No meu trabalho como artista plástica sempre construí fios narrativos, muitas das minhas peças são formadas por séries de objectos onde desenvolvo pequenas historias. Penso que o mesmo ocorre com as fotografias onde essas histórias são dramatizadas através das cores e movimento. O ‘click’ fotográfico é o congelamento do instante fílmico desta narrativa, do silêncio e da solidão das pessoas que fotografo nas ruas, da velocidade dos carros que seguem à minha frente, de alguém que atravessa a faixa de peões, da chuva que escorre pelo vidro da janela do comboio.
Como artista conceptual, a minha obra aborda um diálogo entre a ausência do corpo manifesta nos objectos que crio e a corporalidade presente nas fotografias.